quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Marlene Alves da Silva Leite - Minha mãe completou 88 anos neste dia 20/11/2023

 Pois é, minha mãe completou, graças a Deus, 88 anos de idade, junto aos seus filhos, netos e bisneta.

Foram momentos de alegria, comemorados com bolo, doces e salgados.

A aniversariante estava muito feliz com a presença de todos.

Agradecemos ao nosso Deus, toda a saúde e alegria de nossa mãe.

Algumas fotos deste dia:











quarta-feira, 1 de novembro de 2023

Dia 31 de outubro de 2003 Nascia Carlos Gabriel Borner Leite

 Neste último dia 31 de outubro de 2023, comemoramos aniversário de 20 anos de meu filho Carlos Gabriel Borner Leite. Enviei para ele, o texto que segue:

_____________________________________________________


_____________________________

Hoje celebramos um marco inesquecível na vida de nossa família: o aniversário de 20 anos do nosso amado filho. Parece que foi ontem que ele chegou ao mundo, trazendo alegria e luz para nossas vidas. Vinte anos se passaram, e durante todo esse tempo, testemunhamos seu crescimento, suas conquistas e seu amadurecimento.

Ao longo dessas duas décadas, vimos nosso filho se transformar de uma criança curiosa em um jovem talentoso e promissor. Ele enfrentou desafios e celebrou triunfos, e estamos incrivelmente orgulhosos de todas as realizações que conquistou até agora.

Hoje, comemoramos não apenas um aniversário, mas também a promessa de um futuro brilhante que se desenha diante de nós. Temos a certeza de que, à medida que ele continua sua jornada, irá realizar seus sonhos e alcançar suas metas com determinação, inteligência e caráter.

À medida que nosso filho entra em sua terceira década de vida, desejamos a ele amor, saúde, sucesso e felicidade em abundância. Que ele continue a ser a pessoa incrível que sempre foi, espalhando alegria por onde passa e inspirando todos à sua volta.

Feliz aniversário, querido filho! Estamos ansiosos para testemunhar todas as realizações e alegrias que os próximos 20 anos trarão. Que este seja o começo de uma nova e emocionante fase de sua vida. Estamos ao seu lado, com amor, apoio e orgulho, a cada passo do caminho.

terça-feira, 9 de maio de 2023

A história de Alycia!!

 Conhece a história de Alycia? 

Ela contou em um texto em sala de aula, pedido por sua professora em 2018.



quinta-feira, 4 de maio de 2023

ONDE VOCÊ ESTÁ ??


Publicado no Instagram da Juventude da Igreja Batista do Farrol/AL por Alycia Victoria Borner Leite, em 03/05/2023.

Onde você está ?
"Quem poderá subir o monte do SENHOR? 
Quem poderá entrar no seu Santo Lugar?
Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro, que não recorre aos ídolos nem jura por deuses falsos". Salmo 24:3-4

Vivemos em tempos onde parte da geração jovem se vê dividida em entender que Deus existe e seguir a vida, ou entender e desejá-Lo mais e mais, diariamente (ou pelo menos era pra ser isso). 
Aqueles que anseiam pelo Senhor e por Sua face e presença estão dispostos a subir montes, a atravessar desertos, passar pelo caminho mais longo, se for lá que o Senhor estiver. E durante o processo de busca, clamam por perdão e por corações puros, pois sabem que não são dignos de estarem diante do Criador.

Minha pergunta é: onde você está nessa divisão? 
Você clama pela face do seu Pai e o deseja mais perto de você, ou você está confortável demais para subir montes?
Lembre-se que sem Ele não somos nada, então se você não está perto dEle (ou desejando isso), onde você está?
▶️ Texto: Alycia Borner @alyciab__

terça-feira, 2 de maio de 2023

1 de maio de 2023 - 69 anos, graças a Deus!!!

 Hoje completo mais um ano de vida, e recebo de minha filha Alycia o texto abaixo:


"De caronas em pleno anoitecer
Ao me buscar no amanhecer

De músicas russas mostradas
A fotos sequenciadas

Mostrando memórias, selecionadas por você
Mostrando relíquias, registradas por você

De um carinho enorme
Ao respeito uniforme

Da compaixão compartilhada
Ao da dor ser resgatada

Te agradeço por tudo que fez
Te agradeço por na minha vez

Você torcer por mim e me apoiar
Quando ninguém mais estava lá

Com suas câmeras e cortes
Me mostra ao mundo, bem forte

Dizendo: eis minha filha
Mas hoje digo: pai, hoje a publicação é minha

Pois o dia é seu
Por enquanto não o trate como meu

Você merece o cuidado
Para que na solidão não venha de sopapo

Você merece reconhecimento
Não para entretenimento

Você merece, pois você é pai
Você terá, porque é meu pai

Obrigada por tudo e por ser você
Obrigada por de mim nunca se arrepender

Pagaria tudo para sua face ver
Ao dizer: pai, eu amo você."

"Feliz aniversário! "

quarta-feira, 5 de abril de 2023

Alycia Victoria, minha filha que muito me orgulha!

 No último dia 31/03/2023, durante o Culto de Adolescentes da Igreja Batista do Farol, minha filha Alycia Victoria se apresentou com uma mensagem musical, ao piano e vocal.

Muitos amigos me perguntaram se ela estava fazendo escola de música. Minha resposta NÃO. Ela é autodidata. Aprendeu Ukulelê, Violão, Teclados, Canto e ainda por cima Libras. Tudo isso sem um professor. É dom de Deus em sua vida.


terça-feira, 21 de março de 2023

Fogueiras de Bíblias

 

Os “quebras” das casas de cultos evangélicos de Maceió (1874) e Penedo (1904)

Igreja Presbiteriana Independente em Pão de Açúcar

Entre os dias 14 e 18 de junho de 1874, o missionário norte-americano John Rockwell Smith foi recebido em Maceió para realizar algumas pregações da sua Missão. Os encontros ocorreram na casa do maçom Francisco de Moraes Sarmento, um alferes da 2ª Companhia do 2º Corpo de Cavalaria da Capital e proprietário de uma fábrica de charutos na Rua do Comércio, nº 121 e da Loja do Globo (tecidos, camisas, gravata, botinas…) na mesma rua, no nº 140. Anos depois, esse comerciante foi Juiz de Paz em Maceió.

J. R. Smith foi quem organizou, em 1878, a Primeira Igreja Presbiteriana de Pernambuco. Também foi de sua iniciativa a implantação das igrejas de Goiana (PE), em 21 de novembro de 1880; Paraíba, atual João Pessoa (PB), em 21 de dezembro de 1884; Pão de Açúcar (AL), em 18 de agosto de 1887; e Maceió, em 11 de setembro de 1887. Presidiu, entre 1915 e 1916, o Supremo Concílio Igreja Presbiteriana do Brasil. Faleceu em Richmond, EUA, em 31 de julho de 1940.

Foi cumprindo essa missão organizativa de sua igreja que realizava mais uma pregação naquela noite de 18 de junho, uma quinta-feira, na casa de Francisco de Moraes Sarmento. Já havia falado para os interessados nos dias 14, 16 e 17, sem problema algum.

Suas palavras foram avaliadas pelo dr. Dias Cabral, em artigo publicado no dia 21 de junho, como não tendo “as harmonias da dicção”. Era “rude como a dos galileus Pedro e João falando o grego e a dos capuchinhos italianos transformados em Nobrega e Anchieta”. O maçom Dias Cabral atestou também que “não houve quem se julgasse magoado de uma blasfêmia, nem se sentisse envergonhado de uma incivilidade”.

Reverendo John Rockwell Smith

Entretanto, as duras críticas à Igreja Católica e aos seus seguidores, não foram bem aceitas por um grupo de católicos, que fora ao local da reunião para intimidar o orador.

Quando J. R. Smith ilustrava sua pregação, destacando que o dever do homem e garantir a lei do amor ao próximo, o pastor foi interrompido por esses católicos, que passaram a agredir a vida particular do orador, atribuindo-lhe a autoria de ações reprováveis. Afirmavam que ele não era pastor e questionavam que o seu corte de cabelo não se adequava aos adotados pelos líderes religiosos, e que na verdade ele era um vagabundo.

Os “amotinados” cobravam a presença das autoridades para impedir o ato religioso. Após apresentarem outras objeções à continuação da pregação, foram para a rua e de lá, com vaias e gritos, passaram a apedrejar o prédio, quebrando vidros, móveis e colocando em risco a vida dos presentes. A esposa de Francisco de Moraes Sarmento ficou ferida.

Em seguida, organizados em bandos, que saíram pelas ruas ameaçando os possíveis lugares que serviriam de abrigo ao reverendo. Faziam alarido e soltavam bombas, reproduzindo “a inquisição com suas festas de queimadeiro”, lembrou Dias Cabral.

A manifestação continuou no dia seguinte. Afirmavam que o apedrejamento era uma reafirmação da “liberdade da multidão”. Exigiam que o pastor não mais pregasse para garantir a sua segurança. Também reivindicavam que não fossem obrigados a reparar os danos à residência e o desacato ao seu proprietário, Francisco de Moraes Sarmento.

Durante a noite, sabendo que J.R. Smith não falaria para ninguém, as turbas católicas festejavam nas ruas o silêncio imposto ao pregador presbiteriano. Gritavam: “Fora o anti Cristo! Morra o ladrão de galinhas!”.

Tudo isso acontecia sem a mínima intervenção da Força Policial, cujo chefe de polícia, Joaquim Guedes Correia Gondim, era católico e resolveu considerar que o ocorrido era uma demonstração da soberania popular.

Sobrados na Rua do Comércio, em Maceió, 138 e 140. O de número 140 foi a Loja do Globo e depois Livraria Santos e a Relojoaria de Félix Lima. No pavimento superior morou Francisco de Moraes Sarmento

Fogueiras de bíblias

O maçom Wolney Leite escreveu “Breve notícia de um ato de fé”, também registrando esse acontecimento, que considerava como uma ação de fanáticos, identificando que contavam “com o beneplácito dos organismos policiais de outrora, que serviram como ponto de referência”.

Relatou também outros episódios com as mesmas características, no baixo São Francisco, especificamente nos municípios de Piaçabuçu, Penedo, Pão de Açúcar, Traipu. “Os missionários cumpriram uma saga vitoriosa, arrostando ingentes perigos e riscos de vida, mansamente continuando sua propaganda, fazendo novos prosélitos, não pelo terror que as penas infernais despertavam nas almas ignorantes, mas pela palavra calma, tranquila, serena, refletida pela piedade e sobretudo pelo exemplo de uma vida regrada e honesta”.

Entre os citados, o acontecimento de fanatismo religioso ocorrido em Penedo foi um dos mais noticiados. No dia 31 de janeiro de 1904, às 7h, logo após a missa e antes da Procissão do Triunfo, foram queimadas em praça pública, junto a um cruzeiro erguido para esse fim, aproximadamente 200 bíblias protestantes.

Wolney Leite classificou esse ato como de restauração dos autos de fé inquisitoriais. “O atraso espiritual volveu ao tempo das fogueiras que ardiam na praça pública, queimando corpos e pretendendo destruir o direito de cidadania”.

Toda essa mobilização contra “os agentes de Salomão” foi orquestrada por dois capuchinhos designados pelo Bispo Diocesano para atuarem em Penedo e que ali desembarcaram em 18 de janeiro. Frei Angélico e Frei Gaudioso, do Convento da Penha, em Recife, eram ligados ao célebre capuchinho italiano Frei Celestino de Pedavoli, fundador da Liga Anti Protestante em 1902 e responsável pela Igreja Basílica da Penha. Por sua iniciativa, em 22 de fevereiro de 1903, durante o carnaval, houve uma queima de bíblias, ditas como falsificadas, no largo à frente da Igreja da Penha, no bairro de São José, em Recife.

Basílica da Penha em Recife (1880). O Convento era anexo

Em Penedo, os freis conseguiram que as “bíblias falsificadas”, distribuídas pelos pregadores protestantes, fossem recolhidas e queimadas enquanto os fiéis gritavam: “Morra Salomão!… Morra a nova seita!”. Salomão era o reverendo polonês Salomon Louis Ginzburg, pastor com larga atuação em Pernambuco e vinculado à Sociedade Bíblica Americana. Foi ele quem fundou a Primeira Igreja Batista do Recife em 1886. Em Alagoas, foi o responsável pela instalação de igrejas em Penedo (1902), Pilar (1903) e Atalaia (1907).

Salomão publicou em sua Coluna Evangélica, no Jornal do Recife de 28 de fevereiro de 1904, que soube da visita dos frades capuchinhos a Penedo — se referia a eles como “enviados do príncipe das trevas” e citava Lucas, 10:18; João 14:30 e Apoc. 2:10 — por telegramas e cartas.

Informava ainda que após a queima de exemplares da “Bíblia Sagrada, livros, jornais e folhetos evangélicos”, houve “ataques, perseguições atrozes, cruéis, bárbaras e estúpidas contra o pequeno número de crentes do Senhor Jesus, como também contra cidadãos que se julgam com o direito de pensarem diferentemente da generalidade dos jesuítas e hipócritas”.

Dizia também que tomou um vapor e foi a Penedo “para apreciar o nefando procedimento do carolismo testemunhando-o com os meus olhos e gravando agora com estas linhas na história do Brasil o que são as missões da seita maldita e diabólica (Matheus, 23:13 a 34) que tem a sua sede na cidade (Roma) das sete cabeças e que se ostenta como cristã, iludindo e enganando a tantos infelizes e desgraçados (Apocalipse, cap, 17)”.

O pastor Salomão afirmava que os capuchinhos “começaram a vociferar contra os protestantes, contra os maçons e contra o casamento civil denominando-o mancebia civil”. Incitava o povo, “na sua maioria sem instrução e ignorantes (alicerce e pedestal do romanismo), contra os crentes do Senhor e contra os maçons”.

Pastor Salomon Louis Ginzburg

A selvageria não ficou somente na queima de impressos protestantes. Na quarta-feira, 3 de fevereiro, os fanáticos atacaram as casas de cultos com as pedras que tinham sido coletadas para a fixação do cruzeiro. Segundo relato do reverendo Salomão, danificaram vidros, janelas, portas e telhados desses prédios.

No dia seguinte, como não era impedido pela Força Policial, o mesmo grupo tentou agredir Manoel Paulo Gorjal, descrito por Salomão como um “homem reconhecidamente pacífico e benfeitor, cujo crime único é ser crente em Nosso Senhor Jesus Cristo, e não acreditar nas asneiras e malícias dos padres e frades especuladores e indignos de um povo moralizado”.

Os manifestantes chegaram à casa de Manoel Paulo já à noite, bateram na porta pedindo água e quando ela foi aberta, invadiram a sua casa e destruíram tudo. O crente conseguiu escapar pelos fundos e atravessou o Rio São Francisco numa canoa para fugir do ataque.

No dia 5 de fevereiro, os atos de fanatismo continuaram. Agora divididos em três grupos, os agressores atacaram as casas de João da Hora, de Cypriano Sampaio (escapou pelo telhado) e de uma professora.

Seguiram-se outros atos de vandalismo e prepararam para o dia 6 de fevereiro o ataque à Loja Maçônica de Penedo, mas desistiram quando souberam que “encontrariam resistência na altura do ultrage, ao que não quiseram arriscar”, revelou Salomão, denunciando ainda que os vândalos souberam onde ele estava hospedado e por duas vezes atacaram o lugar. Escapou por ter recebido a proteção da polícia, que resolveu conter a onda de violência, impedindo que as oficinas tipográficas, onde se imprimia o jornal Luz, fosse empastelada. Pertencia a Carvalho Filho.

O jornal O Puritano (RJ), de 3 de março de 1904, também repercutiu as ações violentas ocorridas em Penedo contra os “cristãos evangélicos”. Sob o título “Perseguição Romanista”, na primeira página, denunciaram que os “católicos romanos” destruíram “o Templo Evangélico, que incendiaram; perseguiram aos crentes, e, dirigindo-se à casa do Ministro Evangélico, emporcalharam as paredes, assim deixando o atestado material e imundo daqueles caracteres educados na Igreja Romana”. Tudo isso com o beneplácito das “autoridades locais que, segundo referem os artigos da imprensa do estado, foram coniventes com os devotos incendiários e com os beatos emporcalhadores”.

“Não querem os capuchinhos que os homens livres de Penedo tenham outra crença senão a deles e, por isso, usando um direito, como o jornal oficial ontem apregoou, excitam a população contra os protestantes, açulam o ódio da plebe contra os maçons, cuja maioria é profundamente católica, atiçam o furor popular contra os que se reservam a liberdade de pensar livremente, a despeito das garantias constitucionais que cercam todos os indivíduos”, também denunciou o Jornal de Debates, de Maceió.

Penedo no início do século XX

Justificativa para as fogueiras

A radicalização dos conflitos entre católicos e evangélicos, no final do século 19 e início do 20, se dava como reflexo do Regime Republicano, adotado a partir de 15 de novembro de 1889. O novo sistema político extinguiu o Padroado Régio, apartando, pelo menos juridicamente, a Igreja Católica do Estado (Decreto 119-A, de 7 de janeiro de 1890). A ideia da liberdade religiosa permitiu o crescimento do protestantismo e de outras correntes cristãs no Brasil.

No embate entre os cristãos, Frei Celestino procurava justificar os atos de violência praticados pelos fanáticos católicos, como publicou ao aprovar as várias queimas de “bíblias protestantes”, entre elas a ocorrida no mês de outubro de 1906 em Caruaru, Pernambuco, diante um cruzeiro, mesmo local onde o evangélico José Antônio dos Santos havia sido assassinado a punhaladas por um militante da causa católica.

O jornal alagoano A Fé Christã, de 17 de novembro, republicou as explicações oferecidas pelo Frei Celestino no jornal A Província, do Partido Liberal de Pernambuco: “Mais uma vez cumpre-me declarar ao respeitável público que a incineração das bíblias protestantes foi feita espontaneamente pelo povo católico, sisudo, cordato e zeloso pela pureza e integridade de sua única verdadeira fé”.

Continuou: “Essa destruição de bíblias falsas, truncadas, mutiladas e de outros maus livros e jornais que, atacando a fé e a moral, são verdadeiros fatores da desordem pública, foi eminentemente evangélica, porque altamente recomendada no Evangelho. Jesus Cristo tem muitas vezes aconselhado e afirmado que o que é inútil e maléfico se lança ao fogo (vid. Math. III, 10; VII, 19; Luc. III, 9). Mais: nos Atos dos Apóstolos, XIX, 19, temos descrita a cena edificante de uma queima de livros mui custosos no preço, não menos, porém, prejudiciais nos efeitos”.

O religioso pergunta: “Ora, não será imperioso dever de todo o cristão, muito mais do missionário apostólico, destruir a literatura dos maus livros, como os da nova seita, que atacam a fé e a moral católica, com prejuízo da ordem social, em um país quase todo católico? Será isso intolerância?”.

Mais adiante, Frei Celestino rebate o argumento que a bíblia protestante, de Lutero e Calvino, seria igual à católica. Explica que no livro da “nova seita” faltam “sete livros hagiógrafos, divinamente inspirados; faltam as anotações explicativas absolutamente indispensáveis para a exata inteligência do sacro texto; falta, enfim, a interpretação legítima, feita por uma autoridade viva, por um magistério autêntico, oficial, infalível”.

Frei Celestino confessa ainda que o incêndio com os impressos protestantes era maior: “Saiba o respeitável público que em São Paulo, capital de um dos mais florescentes Estados desta jovem República, os bravos legionários de São Pedro (a Legião de São Pedro era uma associação de católicos paulistas), nos dois anos próximos passados, perante enorme multidão de povo, ao estalar de baterias e foguetes, queimaram mais de 10.000 volumes heréticos protestantes, entre os quais figuravam 275 bíblias; 171 livros do Novo Testamento; 168 dos evangelhos catecismos, romances, revistas, jornais, folhetos e opúsculos, ao todo 10.330! Não houve entre os nova seitas de lá quem reclamasse contra esse ato, repetido segunda e terceira vez (Vid. Mixordia protestante, n. 17, A. Campos, e Correio Paulistano, n. 14. 688)”.

Nesse período, também foram registradas fogueiras de bíblias em São Brás, em Alagoas; em Santa Cecília, São Paulo; e em Recife, em 1907.

Antes, em 1901, Caruaru já tinha sido palco de outra ação violenta de fanáticos católicos. O Diário de Pernambuco de 25 de setembro daquele ano publicou o comunicado que o delegado de Caruaru fez à Repartição Central da Polícia de Pernambuco.

A nota informa que às 10h da noite de 16 de setembro de 1901, num lugar de nome Cedro, “um grupo de indivíduos caracterizados e competentemente armados, dirigiu-se à casa de José de tal, conhecido como José de Guilhermina, na ocasião em que este em companhia de outras pessoas liam livros da seita evangélica, inutilizou o candieiro, quebrou louça e deu vários tiros, tendo apenas sido ferido o evangelista José Marins”.

“O aludido grupo dirigiu-se em seguida à casa de Maria Francisca do Nascimento, residente na mesma localidade e obrigou-a a entregar-lhe uma bíblia evangélica que se achava em seu poder”. A correspondência diz ainda que o delegado “procede as diligências legais no intuito de descobrir os autores de semelhante fato”.

A Liga Anti Protestantes encerrou suas atividades em 1908. Frei Celestino, o religioso que mais incentivou essa prática, faleceu no Convento da Penha em 1910.

Outro grande “quebra” ocorreu em Alagoas, em 1912, como parte das ações políticas contra o governador Euclides Malta. As ações desse episódio foram dirigidas contra os candomblés de Maceió, base eleitoral do grupo maltino, que foi despejado do poder. (Veja mais AQUI)

terça-feira, 7 de março de 2023

O teatro de Wolney Leite - Historia de Alagoas.com.br

 

O teatro de Wolney Leite

Wolney Leite na peça Massacre, de 1968

A família Cavalcanti Leite tem origem nos Cavalcantis italianos de Florença, Itália, e que chegaram ao Brasil em meados do século XVI, após passagem por Portugal. Quem desembarcou na capitania de Pernambuco, ainda no início da colonização do Brasil, foi Filippo Cavalcanti.

Em Bom Conselho, Pernambuco, se estabeleceu o ramo Cavalcanti Leite. Volney Cavalcanti Leite é um dos descendentes dessa histórica família. Nasceu naquele município em 19 de janeiro de 1930, filho de Carlos Cavalcanti Leite e Joana de Lima Cavalcante.

Volney Leite chegou a Maceió ainda muito jovem, onde casou-se, em 14 de março de 1953, com Marlene Alves da Silva Leite, maceioense nascida em 20 de novembro de 1935, filha de Alcides Alves da Silva e Nair Alves da Silva. Tiveram cinco filhos.

Volney Leite casa-se com Marlene Alves da Silva Leite em 14 de março de 1953

Tinha mais de 20 anos de idade quando começou a se interessar pelo teatro, participando ativamente do Círculo Operário de Maceió, movimento organizado pela Igreja Católica e que no bairro da Ponta Grossa, em Maceió, tinha o seu principal núcleo. Com sede na Rua 11 de Junho, atual Rua Dr. José Paulino de Albuquerque Sarmento, a poucos metros da Praça Santa Tereza (atual Praça Getúlio Vargas), organizava o Circulista Esporte Clube (criado em 1948), equipe de voleibol feminino, um conjunto “Regional”, corpo cênico e a Escola de Samba Circulista. Contava com a participação de mais de 40 jovens.

Foi no Círculo Operário que começou a escrever suas primeiras peças. O teatro tinha para aquele grupo o objetivo didático, promovia o debate sobre as questões dos operários e de suas aspirações. Nesta época, Volney morava com os pais na rua Dias Cabral, nº 190, no Centro da capital.

Wolney Leite no time de futebol do Círculo Operário de Maceió, núcleo da Ponta Grossa

Aprovado para a Faculdade de Direito de Alagoas, levou para a academia sua experiência nas artes cênicas e com a participação dos colegas funda o Teatro Universitário de Alagoas – TUA. Seu envolvimento com o teatro, a partir de então, foi completo, como autor, ator e diretor. Sua liderança entre os colegas o levou a ser eleito, em 1957, presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito.

Se envolve também com o Teatro de Amadores de Maceió – TAM, Os Dionísios, Teatro Cultura do Nordeste – TCN, INAPIATRO e Grupo Teatral Educação e Cultura – GTEC. Nesse período, destaca-se com ator e diretor.

Seu irmão mais novo, José Carlos Cavalcanti Leite, em depoimento para o História de Alagoas, lembra que era espaçoso o sótão da casa onde a família morava na Rua Dias Cabral e era lá onde “o Volney reunia a equipe para ensaiar”.

José Carlos recorda ainda que acompanhou os vários ensaios para a apresentação do Auto da Compadecida e já sabia de cor algumas falas. A peça de Ariano Suassuna foi apresentada no Teatro Deodoro pelo TAM sob a direção de Wolney Leite, que ganhou prêmio de melhor diretor com essa encenação.

Foi quando estava no Teatro de Amadores de Maceió – TAM que conheceu e estabeleceu amizade com Gercino Souza, também de Pernambuco, nascido em Caruaru no dia 30 de abril de 1928. Estava em Maceió como gerente das Lojas Paulistas, mas tinha longa caminhada no teatro amador de sua cidade e depois, já profissional, atuou para a Companhia Teatral Buranhen – Olden Soares, do Circo Sharleide, percorrendo a maior parte do Nordeste.

Como dramaturgos, Wolney Leite, que havia trocado o V pelo W, e Gercino Souza emplacaram o primeiro sucesso em Maceió no palco do Teatro Deodoro em julho de 1966 com A História de João Rico.

O sucesso foi tão grande que a peça teve que permanecer em cartaz por várias semanas além do programado. Encenada pelo Teatro de Amadores de Maceió, teve a seguinte ficha técnica: Vendedor: Augusto da Maia; João Rico: Gercino Souza; Maria: Maria Elsa Amorim; Benedita: Geysa Costa; Euclides: Henrique Melo; Rapaz: Sidinyro Souza; Dr. Sérgio: Augusto da Maia; Benvindo: Carlos Geraldo Sampaio/Otávio Cabral; Moço: Sidinyro Souza; Deoclécio: Mendes Filho; Delegado: Estácio de Menezes; Direção: Wolney Leite.

No ano anterior, A História de João Rico já tinha sido premiada pelo Ministério da Educação e Cultura com a 3ª Menção Honrosa do Prêmio Serviço Nacional de Teatro, conquistando a sua publicação em livro no ano de sua estreia.

Capa do livro A História de João Rico

Segundo o irmão de Volney, José Carlos Cavalcanti Leite, João Rico foi inspirado em um personagem da infância deles em Bom Conselho. Capitão Mané Jorge prosperou no comércio como açougueiro, posição social que lhe rendeu o posto de oficial da Guarda Nacional, mesmo posto alcançado por Carlos Cavalcanti Leite, pai de Volney.

“Com a idade veio a cegueira. Fechou o açougue e botou uma mercearia. Volney e os outros meninos iam comprar doces com moedas falsas. Ele aceitava sem desconfiar que estava sendo enganado”, recorda José Carlos, descrevendo-o como um “negrão velho”.

A segunda peça da dupla somente subiu ao palco em 9 setembro de 1983. A História do Amarelinho e o Valente Secundino foi apresentada pelo Grupo Teatral Alfredo de Oliveira, vinculado à Fundação Teatro Deodoro.

Atuaram: Cego: Florêncio Teixeira; Zezé: Marcílio Soutelinho; Secundino: Otávio Cabral; Militão: Luiz Henrique; Garcia (Amarelinho): Marcial Lima; Maria: Terezinha Barros (posteriormente substituída por Mara Leite, filha do autor); Totonha: Marinete Soutelinho; Félix: Estácio Menezes; Veloso: Valdir Martins; Genésio: José Carlos Magalhães; Sinfrônio: Wolney Leite; e mais Belmira Magalhães, Rosemary Silva, Daniel Cabral, Daniel Albuquerque e Trio Maceió. Direção: Wilson Maux.

Sua ficha técnica foi a seguinte: Cenário: Gustavo Guilherme; Guarda-roupa: Marinete Soutelinho e Carmem Lúcia; Iluminação: Gustavo Guilherme; Contrarregra: Daniel Albuquerque; Cartaz e Programa: Antônio Ezequiel; Equipe FUNTED: Luz — Edmilson e Pedro; Som — Edvaldo e Lucas; Carpintaria e Maquinaria: José Cabral, José Ronaldo e João Batista; Pintura: Cícero Cruz; e Camareira: Eunice Santos.

Capa do programa da peça O Amarelinho e o Valente Secundino, com arte de Antônio Ezequiel

A terceira peça, A história de São Gregório e o Fazedor de Santos, ainda não foi encenada, mas está eternizada no livro com o mesmo nome, editado pela Edufal em 1998.

Capa do livro A História de São Gregório e o Fazedor de Santos

Como ator, Wolney Leite participou com destaque da peça Massacre, do francês Emanuel Roblès, que foi apresentada pelos Dionísios no Rio de Janeiro em 5 de fevereiro de 1968, às 22h no Teatro Nacional de Comédias, durante o V Festival Nacional de Teatro de Estudantes.

Everaldo Moreira, que também atuou nessa montagem, lembra da participação de Bráulio Leite, Edna Leite, Carlos Jorge (sobrinho de Bráulio), Naná Vasconcelos, Rui Lessa (da cantina do Cepa), sob a direção foi Valter Oliveira.

Recorda ainda do enorme sucesso alcançado: “Um jornal do Rio, ao comparar a nossa apresentação com a de um grupo profissional de lá, que também estreara o mesmo espetáculo, publicou: ‘seria muito bom que eles fossem assistir ao espetáculo dos amadores de Alagoas, quem sabe aprenderiam alguma coisa sobre fazer teatro!’”.

O professor Otávio Cabral, que construiu uma longa e vitoriosa história com o teatro alagoano, estava no Rio de Janeiro e viu os Dionísios brilharem no TNC em 1968: “O desempenho dos nossos atores surpreendeu a crítica local. Bráulio Leite e a Edna Leite foram abordados por diretores de teatro propondo que ficassem no Rio com a garantia de contrato para várias apresentações. Optaram por voltar a Alagoas”.

Wolney Leite é o padre na peça Massacre, de 1968

Futebol e Maçonaria

Durante a gestão de Cleto Marques Luz na presidência da Federação Alagoana de Desportos, entre 1973 e 1978, Volney Leite foi seu secretário geral e diretor do Departamento de Árbitros. Foi nessa administração que a FAD adquiriu sede própria, na Rua do Imperador, nº 389, por Cr$ 50 mil.

O próprio Volney chegou a apitar algumas partidas de futebol. Iniciou como auxiliar, o “bandeirinha” em 1966.

Volney Leite foi Diretor do Departamento de Árbitros da FAD

Como advogado, teve participação importante na Ordem dos Advogados do Brasil, OAB, seccional de Alagoas, ocupando o cargo de tesoureiro na gestão de Humberto Martins e diretor na de José Areias Bulhões. Presidiu por duas vezes a Caixa de Assistência dos Advogados de Alagoas, quando criou o plano de saúde para os colegas advogados, o OAB SAÚDE.

Maçom, da Loja Virtude e Bondade, foi iniciado em 29 de junho de 1973. Chegou a presidir esta instituição e, como Grão Mestre Estadual, liderou por algum tempo todos os maçons de Alagoas. Participou ainda da fundação da Academia Maçônica de Letras de Alagoas.

Funcionário público federal, prestou serviços ao Ministério da Agricultura e posteriormente à Emater.

Faleceu em 18 de novembro de 2001. Seu corpo descansa no Cemitério Nossa Senhora da Piedade, no Prado.

quarta-feira, 1 de março de 2023

Por detrás dos véus da Maçonaria

https://www.historiadealagoas.com.br/por-detras-dos-veus-da-maconaria.html

Texto escrito pelo advogado e teatrólogo Volney Leite em 1978. Cedido por seu filho Carlos Volney para o História de Alagoas. Volney Leite faleceu em 18 de novembro de 2001.

Volney Leite, MI:.

O maravilhoso sempre exerceu um fascínio sobre a acuidade mental do investigador arguto, estimulado pela constatação de revelações extraordinárias que lhe tragam notoriedade.

A Maçonaria, na sua marcha infinita através dos tempos, tem sido alvo da curiosidade de “Caçadores da Arca Perdida”. E, malgrado das cautelas adotadas, vez por outra pérfidos se introduzissem no meio da família da arte real para assenhorarem-se dos seus íntimos segredos. Como se eles fossem perceptíveis aqueles que adentram ao círculo com espírito de curiosidade ou desejosos de vantagens pessoais. Ledo engano. Somente ao Iniciado — limpo e puro na concepção maçônica — os mistérios são revelados pelo Grande Arquiteto do Universo. E os bem aventurados não os revelam a terceiros, daí permanecerem imarcescível, principalmente aos “profanos de avental”.

Volney Cavalcanti Leite nasceu em Bom Conselho, Pernambuco, em 5 de janeiro de 1930

Muitas vezes estes curiosos tornam-se aliados valiosos na difusão da doutrina da ordem. Por maior que seja o paradoxo do ingresso na ordem e não ter visto a LUZ — a iluminação do templo interior.

Dentre as inúmeras ocorrências nesse sentido, gostaria de evidenciar a de um sacerdote jesuíta que abandonou a batina e se dedicou a investigar os segredos maçônicos. Não deixa de ser uma casualidade — se é que existe —, ou talvez pela inquietude, adstrita a quem trabalha pela maior glória de Deus, tem correspondido aos jesuítas ser o setor católico mais aproximado da Maçonaria.

E, se não nos falha a memória, foi o padre Riquet o iniciador do diálogo deste neste século. Porém, houve um jesuíta húngaro que deu um passo muito mais além — o Dr. Tohotom Nagy, que publicou em 1963, em Buenos Aires, o seu livro Jesuítas e Maçons.

A notícia me chegou através de uma transcrição, em português pelo escritor José Fernando de Maya Pedrosa, da revista chilena “VEA”.

O autor da obra prefalada, assim se apresentou. “Sou padre jesuíta que professei os quatro votos solenes — ‘reductus ad statum laicalem’ (reduzido ao estado leigo), absolvido de minhas obrigações sacerdotais e religiosas, volto com permissão ao estado leigo, por meio de um decreto do Papa a mim concedido benignamente. Desde há muito tempo, vivia em mim uma inquietude e curiosidade por saber a verdade sobre os maçons. Inimigos da Companhia de Jesus.

Uma vez fora da ordem, resolvi satisfazer essa curiosidade e, ocultando minha identidade, me filiei à francomaçonaria, levado pela mais franca das intenções para descobrir a verdade.

Cheguei aos graus mais altos, disse Nagy, e agora que possuo uma visão clara e autêntica de ambas as instituições, baseada em experiências e através de longos anos, decidi romper meu silêncio e apresentar ao mundo a realidade do enigma.

Os antecedentes que tinha, conta Nagy, não eram tranquilizadores. Alguém já havia apresentado uma série de livros católicos que descreviam a Maçonaria como um conjunto de seres carregados de ódio contra a igreja e capazes de castigar com tremendas penas ao que usasse revelar seus segredos. Desde o início, pelo contrário, tudo resultou surpreendente. Os maçons apareciam como gente bastante normal, de aspecto precípuo e nada aterrador. Quando, depois de um período de provas, Tohotom Nagy foi iniciado, as cerimônias aparecerão espetaculares e carregadas de símbolos e segredos, porém muito diferentes dos horrores pintados.

O processo de iniciação está longamente discutido por Nagy. Consiste, essencialmente, numa série de cerimônias que iniciam com o integrante despojado de toda a vestimenta, porque “vai ter início uma nova vida”, com roupas novas.

Tohotom Nagy na sua obra, insiste em que, a seu entender, nada há de criticável, como o de qualquer religião. Não existe, na realidade, juntamente com isso, segredo algum. Tudo o que alguém queira saber sobre os maçons pode conhecer nas obras que se tem escrito. Além disso, no movimento jesuíta estava proibido de falar com os estudantes maiores.

“Hoje, quando a igreja revê suas antigas queixas com seus irmãos separados, está em tempo para que reveja suas questões pendentes com a Maçonaria. Será uma alegria no céu e na Terra se a humanidade der um passo a mais para que haja a paz universal, cuja realização depende mais de sua santidade, e o mundo seria mais belo e mais limpo, com um ódio a menos”.

Nos dias atuais, são notáveis os esforços de Jesuítas como Ferfer Benimelli, que já esteve no templo da VIRTUDE e BONDADE realizando uma conferência; Caprille, e no Rio Grande do Sul, o incansável Alberton, assíduo colaborador da revista maçônica A TROLHA, lançando luzes para a derrubada das bandeiras invisíveis, mas sensíveis, que persistem.

Volney Leite
Grão-Mestre de Honra do GOE/AL
Delegado de Honra do RC-REAA/AL

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Transtornos mentais e absenteísmo: a importância de promover saúde mental no ambiente de trabalho Comunicação na Associação Brasileira de Psiquiatria 18 de janeiro de 2023



Você sabe o que é absenteísmo? O termo é usado pelos setores de Recursos Humanos para medir a ausência dos funcionários no expediente no trabalho, incluindo atrasos, faltas ou saídas antecipadas. Existem diversos fatores que influenciam a taxa de absenteísmo e as enfermidades são uma das principais razões. 

Quando pensamos em afastamentos do trabalho devido às patologias, é comum associá-los às condições físicas. De fato, as lesões e as doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo, como dores na coluna e artroses, lideram o ranking das causas de afastamento, segundo os dados divulgados pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (SEPRT) do Brasil em 2020. 

No entanto, de acordo com o artigo "Mental illnesses and their impact on the Brazilian workforce: an analysis of the cost of sick leave and pensions", publicado na Brazilian Journal of Psychiatry (BJP), entre 2007 e 2017, os transtornos mentais e de comportamento foram a terceira causa de afastamento do trabalho no Brasil. No mesmo período, as licenças por doença representaram 52% de todos os benefícios sociais desembolsados, e cerca de 50% das reivindicações estavam associadas aos transtornos do humor.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a depressão será a doença mais incapacitante em todo o mundo até 2030. Por isso, nos últimos anos, a instituição tem chamado atenção para a importância de se debater a saúde mental da população trabalhadora. Estima-se que 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos por ano em todo o mundo anualmente por causa da depressão e da ansiedade, causando um prejuízo de US$ 1 trilhão à economia global, principalmente devido à diminuição da produtividade e ao absenteísmo no trabalho. 

No Brasil, os principais diagnósticos psiquiátricos relacionados ao afastamento e à aposentadoria por doença são depressão, transtorno bipolar, ansiedade e transtornos psicóticos. Por isso, é necessário aumentar a disponibilidade de terapias médicas e psicológicas eficazes, antes que os transtornos se agravem a ponto de excluir esses indivíduos do mercado de trabalho. Neste sentido, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para garantir uma qualidade de vida digna às pessoas com transtornos mentais. 

Em termos de prevenção das doenças e promoção de saúde mental, existem práticas que todos podem e devem adotar: a prática regular de atividades físicas, ter uma alimentação balanceada, não ser fumante e ter uma boa qualidade do sono. Além de serem fatores de proteção, tais medidas também são eficazes para melhorar a qualidade de vida de pessoas já diagnosticadas com transtornos psiquiátricos, como depressão maior, transtorno do déficit de atenção/hiperatividade, esquizofrenia e dependência química, por exemplo. 

Foto do almoço das comemorações dos 70 anos

Esta foto é do dia 1º de maio de 2024. Filhos, filha, nora, neta. no almoço.