Parte - 1
Hoje, 03 de março de 2020, faltando menos de dois
meses para meus 66 anos, começo a relembrar fatos e fotos de minha trajetória
de vida. Não escolhi o título. Talvez Memórias, ou quem sabe O que Fui e o Que
Sou... sei lá, depois vocês me sugerem qual título ficaria melhor.
Nesta minha narrativa vou falar em datas pontuais
em alguns momentos, porque a memória seletiva não favorece em alguns deles,
recordar. São fatos que até hoje guardo na memória e que nessa altura da vida,
quis eternizar. Não vejam como melancolia, mas sim recordações de uma vida que
pra mim valeu muito ter vivido. Não me arrependo de nada. Foram experiências
que tive com uma única orientação: o livre arbítrio dado por
Deus.
Começo lembrando minha infância, na rua Dias
Cabral, no Centro de nossa cidade. Nossa casa, de número 190 (hoje funciona um
restaurante/galeteria) ficava vizinha à casa do Sr. Pedro Suruagy, pai de
Divaldo Suruagy, que começava sua carreira política como vereador por Maceió.
Era um entra e sai de pessoas, a procura de favores de candidato.
Em frente a nossa casa, morava meu amigo de tantas
aventuras de criança Toinho, ou Antonio Teixeira Cavalcante Filho, que mais
tarde após a conclusão do curso de Direito, se tornaria delegado de polícia.
Nesta rua moraram vários outros amigos, que ao
longo dos anos, alcançaram cargos de destaque em nossa sociedade. Seria
indelicado falar em todos, cometeria uma gafe esquecendo de alguém, por isso me
detenho nestes que já citei.
Dessa época, lembro do mundial de futebol de 1962,
quando o Brasil foi Bi-Campeão, pois meu pai, Volney Cavalcanti Leite, chegou
em nossa casa com seus amigos, comemorando o título. Foi marcante pra mim que
nunca tinha visto aquele tipo de comemoração:- Campeão Mundial de Futebol? O
que era isso? - Eu tinha 8 anos!!
Por influencia de meu pai, comecei a frequentar o
Teatro Deodoro, onde ele encenava peças de sua autoria (História de João Grilo,
etc), e de outros autores. Chequei até a participar de algumas. Pequeno como era, não podia assistir a determinados
espetáculos, por conta da censura. Mas, determinado, passava por baixo do
portão lateral do Teatro e me escondia no 1º. Andar para assistir, por exemplo,
ao Strip-tease da vedete Iris Bruzzi que vinha pela primeira vez a nossa cidade.
Nunca fui descoberto pelo lanterninha.
Iris Bruzzi
Em 1966, nasceu meu irmão caçula Cid Ney
(somos 5 filhos de Volney e Marlene), Nadja Naira Alves Leite, Mara Lucia Alves
Leite e Rose Mary Alves Leite.
Me vem a lembrança, a União Beneficente Portuguesa, ou simplesmente "Portuguesa", com suas grandes festas de carnaval, comandada pela Orquestra de Fausto & Passinha. Também o show dos Pholhas que esteve pela primeira vez em Maceió, no auge da fama (ficamos maravilhados com todo aquele instrumental trazido por eles, e com Helio Santisteban, a principal voz do grupo).
Foto de uma das festas da "Portuguesa", com Djavan de pé ao fundo. Eu estou embaixo, entre dois amigos.
Moramos na rua Dias Cabral até mais ou menos 1966, quando
nos mudamos para o bairro do Prado, para a Av. Roberto Pontes Lima, vizinho ao
Quartel da Policia Militar.
Nesta rua presenciamos um fato triste. A morte do
militar Coronel Adauto. Nossa casa tinha como quintal, o campo de futebol
do quartel. Na noite anterior ao assassinato, o soldado Borges, estava como
sentinela. Com um pé machucado, usava uma sandália japonesa e no outro o
coturno. Este fato gerou na manhã seguinte, uma discussão entre os dois, que
foi o motivo do assassinato.
Outros fatos se seguiram em minha vida neste
bairro. Os Bingos que eram realizados no terreno onde seria construido o Trapichão, ou, Estádio Rei Pelé.
Uma lembrança especial foi quando despertei para o namoro. Minha primeira namorada
ainda lembro seu nome: Fátima que me deixou meses após nosso primeiro encontro,
indo morar com a família em Aracaju, Sergipe.
Nesse período, conheci José Carlos Campos,
radialista que morava no bairro e que me convidou para conhecer as boates do
Iate Clube Pajuçara, aos sábados.
Me encantei com o clube porque era de Elite e
eu, menino de classe média, não podia frequentar por não ser associado. No clube, aos sábados, tocava o Grupo Seis, formado por
acadêmicos universitários, motivo de orgulho do Comodoro do Clube Pedro Barbosa.
No grupo
conheci Alano - guitarra base, Antenor - baterista, que depois foi substituído
por Carlos Bala, (sim o mesmo que tocou com Djavan). Tinha também o fantástico
João Pinheiro - exímio guitarrista, Ademir (Ling-Ling) no contrabaixo, e na
guitarra-solo o Bolinha (não me recordo seu verdadeiro nome). Como Crooner a
voz inconfundível do Wilson Protazio - ele mesmo, o Procurador de Justiça e
proprietário do Canil Castelo de Prata - de Pastor Alemão.
Como frequentava as boates, todos os sábados, fiz amizade com os músicos do grupo 6 e comecei a controlar o "jogo de luzes", depois como percussionista,
convidado pelo baterista Antenor que gostava do meu ritmo colocado nas músicas.
Foi uma época mágica vendo os “cobras” tocarem.
Até hoje, guardo na memória as
músicas que faziam sucesso, que iam desde Bee Gees, Afrodite Child, Beatles,
Classics IV, Bread, passando pela Banda Doobie Brothers com a eterna Listen to the
Music, e outras que no momento me foge a lembrança.
Continua na Parte - 2